Sabe aquele monte de informações que você recebe durante as mais diversas circunstâncias do cotidiano ou da vida? Então, que tal se a gente fizesse um exercício de apuro do que absorvemos diariamente a ponto de tentar tirar um proveito mais consciente dessas experiências?
Bem, de cara, a gente logo percebe que não existe “coleta seletiva” e o volume de informação que nos bombardeia por todos os lados diariamente é gigantesco, capaz de produzir todo e qualquer tipo de sentimento, comum ou incomum. Mas e aquilo que não nos produz reação? Bem, deixa ela pra lá por agora, talvez seja um tipo de informação que não esteja preparada para você ou você não esteja preparado para ela. De qualquer forma tirando essa categoria a gente consegue dividir tudo que absorvemos em três grandes grupos.
O primeiro deles é a informação proveniente dos fatos, as coisas que simplesmente acontecem e chegam até você e a todo mundo de diversas formas. Essa informação é o senso comum, é o que as pessoas comentam ou simplesmente incorporam em suas rotinas. Fazem parte de uma realidade compartilhada e naturalmente acabam criando uma percepção comum sobre caráter e consequência.
O segundo grupo são as informações pelos quais você se interessa e naturalmente busca, por afinidade, admiração, interesse natural, entretenimento ou simplesmente necessidade.
O terceiro tipo são as suas próprias conclusões, entendimentos e sentimentos produzidos a partir da reação às informações que lhe são submetidas, ou seja é o conteúdo produzido embarcado da sua opinião, da sua opção e do seu posicionamento consciente ou inconsciente. Por incrível que pareça é daí que sai o original e o autêntico, porque simplesmente passam por uma química que é única. A informação deixa de ser material bruto ao ser misturado com o DNA da percepção de cada um e se tornam informações capazes de proliferarem a diferença entre as percepções e sobretudo especularem novas elaborações cognitivas para diversos temas. São dessas informações que renascem os potenciais quebra-de-paradígmas, as rupturas, as novas tendências, as esquisitisses e sobretudo o novo.
Por isso o criativo de profissão precisa alimentar constantemente seu metabolismo de informações das mais diversas naturezas, para que ele esteja produzindo novos significados e deixe o seu laboratório químico pessoal mais diversificado possível. Ele precisa cuidar do repertório, mas sobretudo da sua capacidade de criar um ponto de vista diante dele e trazer um novo siginificado capaz de sensibilizar as pessoas pela novidade, sedução ou curiosidade.
Lembrei-me agora de um filme muito interessante chamado Alta Fidelidade, em que John Cusack fazia o papel de um dono de uma loja de discos que tinha mania de criar uma lista Top10 músicas para todas as circunstâncias na sua vida. Isso é uma brincadeira legal, ao menos para se testar.
Infelizmente hoje quando você pergunta para um publicitário quais são os seus top 10 criativos preferidos, é bem provável que ele diga o nome de pelo menos outros 5 publicitários e é aí que mora o problema, quando o músico só se inspira em outros músicos para criar, quando o pintor só se inspira em outros pintores ou quando o escritor só se inspira em outros escritores. Com isso a probabilidade de reprodução de velhas conclusões criativas é muito grande e assim tudo vai ficando muito igual. Mas tem também aqueles mais desleixados ainda, os que nem conseguem contar nos dedos das mãos os nomes de referência na sua profissão, seja por auto-suficiência ou preguiça mesmo.
Enfim, referência criativa não tem idade, sexo, cor ou credo, é tudo, É tão importante quanto critério. Critério? Mas o que é critério? É um senso qualitativo desenvolvido com a experiência. Mas isso não é um contra-senso? Você se desfaz de prerrogativas antigas para buscar as novas e ainda diz que as experiências anteriores são importantes? Exatamente. É uma contradição, a vida é cheia delas e a gente tem que tirar o melhor disso.
Aproveitando o ensejo, nos últimos meses saíram os resultados de vários grandes festivais internacionais de comunicação como o The One Show (www.oneclub.com), Clio Awards (www.clioawards.com), The Art Directors (www.adcglobal.com) e Cannes. Vale a pena conferir e ver como as pessoas andam transformando as suas referências em critérios pelo mundo a fora. Afinal ninguém é uma ilha.
Ah, só por desencargo de consciência, quais são os seus top 10 criativos?
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2 comments:
Muito boa a argumentação. Agora vou ler meus rss dos blogs de arte. ate mais.
1- Raptures (a banda de NY)
2- Jack White (do White Stripes)
3- Roger Federe #1
4- Vic Muniz
5- os comerciais do Itaú Personalite (DPZ)
6- as agências ECO do ABN Banco Real
7- Gilberto "free copyright" Gil
8- Angeli (faz 20 anos!)
9- Arnaldo Jabor
10- Eugênio Mohallen
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