Tuesday, May 25, 2010

O Ministério da Corrupção - Ordem e Progresso


Essa semana ouvi na CBN uma informação que me chocou enquanto eu dirigia. Foi feita uma pesquisa baseada nos últimos 5 anos e descobriu-se que a média de dinheiro desviado dos cofres públicos brasileiros é em torno de 73 bilhões por ano. Isso sem contar dinheiro de propina. O fato é que é impossível ficar inerte a essa informação.

Fiquei pensando durante o percurso enquanto ficava preso no trânsito o que poderia ser feito para evitar isso. É óbvio que o primeiro estímulo na cabeça é o mais radical possível, mas pera lá, revolta pura não resolve nada. Nunca resolveu na Argentina e em nenhum lugar do mundo.

Putz e se isso fosse um briefing? O que a gente poderia criar para resolver, minimizar ou mesmo erradicar esse problema.

Mas já que em todo brainstorm vale pensar em qualquer coisa, vamos lá.
Acho que a primeira coisa seria transformar essa história num negócio onde o responsável pelo business ganharia muito dinheiro à medida que o problema fosse sendo resolvido.

Putz, já pensou se a gente criasse o Ministério da Corrupção? O primeiro Ministério-Empresa do Brasil. Trata-se do bom e velho jogo da iniciativa privada onde o que prevalece é o resultado.

As regras seriam as seguintes:
O Ministério seria uma empresa de empreendedores e o governo não pagaria um centavo sequer para mantê-la, ou seja, ela se manteria pelas suas próprias condições e investimentos.
A forma de renda seria literalmente uma porcentagem de 10% de todo o dinheiro recuperado, sem tributação. Isso significa que dos 73 bilhões de reais perdidos por ano o Ministério poderia ganhar até 7 bilhões de receita limpa e livre de impostos uma vez que o dinheiro teóricamente já é do governo.


Obs.: cada empresa só poderia ter no máximo 2 anos de atuação, pois no Brasil seriam capazes de criar uma outra empresa geradora de corrupção só pra esse business ter vida longa.

E você, qual sua idéia?

Corrupção -http://pt.wikipedia.org/wiki/Corrupcao

Wednesday, April 21, 2010

Novas Diretas Já - A Plebicitocracia Digital

Semana passada voltei de Londres com a cabeça muito adrenalizada, a ponto de não conseguir pregar os olhos por sequer 30 minutos seguidos durante o vôo. Após várias reuniões sobre a indústria mobile global fiquei completamente absorto com as informações sobre esta nova realidade e o seu impacto na sociedade. Seja na Europa, na África, no mundo inteiro a influência do computador de bolso tem mudado e muito a relação entre as coisas e as pessoas.

Graças a um vício chato que eu tenho de não conseguir deixar de paralelizar a realidade brasileira silenciosamente toda vez que estou estudando um briefing de outros mercados, surgiu na minha cabeça uma discussão ou um pensamento paralelo no mínimo interessante.

A questão começou a partir do momento que o nosso "público-alvo" não era mais definido por demografia e nem tão-pouco definição territorial. Trocando em miúdos, nosso mercado em discussão não era um país mas uma nação composta por auto-identificação e valores.

Foi aí que o Brasil com "s" começou a aparecer paralelamente na minha cabeça. A foto imaginária era a seguinte: Um país de quase 190 milhões de habitantes onde essas pessoas são portadoras de quase 180 milhões de celulares. Uma verdadeira nação formada por pessoas contactáveis.

Agora imagine que um celular por mais simples ou "pé-de-boi" que seja, é capaz de enviar mensagens ou operar um portal de voz. Disso surge uma nova poderação. Poderia ser ou já seria o celular a maior ferramenta de conexão entre o cidadão brasileiro e o Estado?

Será que um dia a nossa conhecida urna eletrônica poderia ser uma simples aplicação "mobile"?  Com isso em vez de gerar filas, deslocamento e um alto custo operacional as urnas se tornariam uma aplicação de celular instalada remotamente no bolso dessas centenas de milhões de brasileiros.

É claro que essa discussão é conceitual e por isso não vou nem entrar em questões de segurança para não atrapalhar o questionamento, até porque o melhor da discussão na minha opinião ainda está por vir.

Bom, supondo que as pessoas seriam capazes de participar de eleições e votarem em alguém uma vez a cada quatro anos sentado no sofá das suas casas, porque essas pessoas precisariam escolher alguém para votar tudo por elas? Será que o botão de "sim/não" do plenário não poderia ser substituido por um de mesma função no celular das pessoas? Afinal seriam 180 milhões de votos.

Será que daqui há alguns anos ouviremos nas ruas novamente o grito de Diretas Já? Será que um dia o povo chamará de fato a responsabilidade pra si e reinventará o conceito de representação social?

É engraçado eu só ter tido tempo pra escrever esse post hoje, que é aniversário de Brasília. Um lugar incrível e maravilhoso que sofre tanto pela inconsequência dessas criaturas que ainda apertam os botões por nós.


PS.: Dedico esse post ao guerreiro das Diretas Já, Ulysses Guimarães. Uma pessoa que sempre admirei e com quem tive a oportunidade de trabalhar aos 18 anos de idade em Brasília.

Sunday, January 10, 2010

Motivos para acordar cedo demais nas férias


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Acordei sem querer cedo demais nesse dia. Demais mesmo. Algo como 5:40 da manhã.
Olhei pela janela para tentar imaginar que horas eram, pois o meu celular que é o meu despertador oficial de cabeceira, tinha perdido totalmente a função nessas férias, aliás ele também estava de férias. Basta dizer que na casa em que ficamos não pegava o sinal da minha operadora, nem para falar e muito menos para acessar internet. Então logo deixei pra lá esse vício de bolso nos primeiros dias em que cheguei nas férias.

"Cheguei" nas férias mesmo. As férias esse ano não era um tempo, era um lugar, isolado e muito ensolarado, me propiciando a falta de contato com o meu  cotidiano e um excesso de contato com a minha família e a família da minha família. E quem disse que "excesso" não faz bem, tá louco. Isso fez tudo ser muito diferente, especial.

Basta dizer que acordar praticamente de madrugada foi bom. E foi mesmo, porque me fez presenciar  esse cenário. Aliás, não me restou dúvidas de que o mínimo que eu deveria fazer era vestir uma bermuda imediatamente, passar a mão na câmera e andar uns 200 metros que separavam a minha cama da areia da praia, mesmo a essa hora da manhã. Aqui vai o caminho até chegar...


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No caminho, o chão foi se transformando, da grama do jardim veio a calçada, ladeada do asfalto da rua e em pouco tempo a areia úmida do sereno ajudava a construir uma sensação única e maravilhosa de compartilhar só com a própria natureza esse momento tão mágico.

De repente, a última duna. Antes de chegar o mar e o céu, criou-se um contraste incrível na minha vista, era uma sensação de tudo ou nada, de terra firme e não.


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Pronto, nada mais havia entre mim e isso tudo. É estranho a sensação de fotografar algo tão comum como o nascer do sol, mas ao mesmo tempo, é tão maravilhosa e única a sensação de testemunhar esses instantes.

E pensar que todos os dias, sem exceção, esse fenômeno acontece. Só posso falar uma coisa: como a gente é medíocre de reclamar de acordar cedo. Porque será que a gente nunca consegue equilibrar as nossas necessidades no dia-a-dia. Sei lá, talvez se eu equilibrasse mais a minha vida essa cena não seria esse tapa tão forte na minha cara.


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De repente olho pro lado e vejo alguém. Não estou mais sozinho. Um senhor se aproxima do mar com muito menos cerimônia do que eu e adentra a água gelada do mar de Santa Catarina com a mesma naturalidade com que adentro o edifício em que a trabalho lá no Real Parque. A diferença é que o dia-a-dia dele não é mais analógico do que o meu, é orgânico.

Aliás poucas vezes senti tão forte essa sensação do "orgânico" na vida. Não da palavra em si, mas do que se sente quando o significado realmente se faz presente de forma sinestésica, a ponto de você sentir isso na pele. A primeira vez que isso tinha me acontecido, essa consciência de de ser vivo, incrivelmente vivo, foi ao acompanhar a gravidez da Lili, minha esposa, e por fim com intensidade plena no nascimento do João Pedro, meu filho.

É incrível como este lugar, quase de madrugada, me traz novamente um bocado dessa sensação do quanto a gente é "bicho". Na verdade acho que um pouco diferente, é como se nós fossemos filho da terra, digo filho do chão mesmo, igual a um alface, uma batata ou uma mandioca.

De qualquer forma, é uma pena que apesar das cores incríveis, o nascer do sol tenha ficado tão gasto no mundo da fotografia, já que é tão raro de ser vivenciado no dia-a-dia.

E lá vai o senhor que chegou na praia, e lança a sua rede para pescar.







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Novamente minha atenção volta para luzes, texturas, riqueza de contrastes que se formam com o entrar bem devagarinho das outras cores na paisagem. Cada minuto é uma palheta de cor mais incrível que a outra. É como se fosse feita uma revelação minuciosa da composição de como o mundo é construído. E lá vai um pouquinho mais de ciano ...



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Outra descoberta às 6 da manhã..  Deus é impressionista :)




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Agora a vida, as cores e o movimento em "terra firme" começa a se manifestar, mas a natureza ainda resiste. O nevoeiro ao longe mostra a Terra respirando.









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E mais um dia começa a acontecer. Vai deixando de ser "o dia" para ser um dia.




Decidi ir embora antes de tudo voltar ao normal. Não é que eu vou virar abóbora, mas quero me lembrar desse dia depois de acordar. Quero voltar pra casa ainda sob a luz do amanhecer e conseguir dormir como se fosse noite. Quer dizer, como se tivesse vivido um sonho pra me lembrar e ainda ter as fotos pra me ajudarem a contar sobre aquele dia que aconteceu no meio de uma noite de verão.

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Local: Praia do Gi (ao lado de Laguna, conhecido como Laguna Internacional
Aproximadamente 105 km de Florianópolis (SC)

Santa Catarina