Tuesday, June 02, 2009

Até quando a gente vai continuar chamando chuveiro de “chuveiro elétrico” :P


Esses dias eu estava pensando o quanto as coisas mudaram e perdeu o total sentido falar de comunicação e comunicação digital.

Eu me lembro que em 95, quando me perguntavam o que eu fazia, eu dizia: “agora trabalho com internet”. Logo em seguida as pessoas me indagavam: “mas, vem cá, você não era diretor de arte? Eu não sabia que você tinha feito computação.” Lembro como se fosse hoje a trabalheira que me dava para explicar que eu ainda continuava sendo a mesma coisa, porém a novidade era que eu havia focado em direção de arte para internet, e que isso não tinha nada a ver com computação!

Hoje, tudo mudou. A internet deixou de ser necessariamente um fim para ser o meio, a conexão e a amplificação das experiências com tudo que está ao nosso redor, ou em nossas vidas. Ela mudou a forma como as pessoas se interrelacionam, como uma dúvida é sanada ou até mesmo como alguém escolhe um novo carro para comprar.

Chegamos a um ponto em que não faz mais sentido falar sobre o crescimento da internet, mas sim sobre o seu gigantismo na medida em que ela vai se tornando cada vez mais transparente em nossas vidas, deixando de ser uma finalidade específica para potencializar o todo, seja através de um serviço corriqueiro no celular ou, ainda, quando se torna palco de narrativas ilimitadas de forma, tempo e local.

Agora, vamos voltar lá no século passado, em 1995, quando a gente “fazia internet”. Realmente, a questão já era muito mais simples porém mais ampla do que a gente conseguia enxergar na época. A nossa paixão pelo espírito libertário deste ambiente acabou separando a internet do resto do mundo. Mas vamos ver pelo lado positivo: essa bendita divergência permitiu uma super-experimentação desse mundo, criando assim, uma grande escola. A escola da busca pela ruptura, a escola de novas narrativas criativas, a escola da interatividade, de novos modelos de negócio, serviços e visões estratégicas diferenciadas.

Esses últimos 10 anos de internet serviram para gerar um legado no mínimo interessante e que tem tudo para amplificar o desempenho e a experiência de todas as mídias, acabando, de uma vez por todas, com esse conceito arcaico de mídias tradicionais e novas mídias. Afinal, convenhamos: tradicional não é a mídia em si, mas o uso medíocre que na maioria das vezes se faz dela, seja TV, cinema, rádio, revista, ou a própria internet.

Enfim, não faz mais o menor sentido discutirmos comunicação digital e analógica, nova mídia ou mídia tradicional, mas sim comunicação, baseada em inteligência estratégica, repertório ferramental e acima de tudo criatividade de verdade, para envolver as pessoas e diferenciar as marcas. Isso sim diferencia o joio do trigo.

Aliás, já dizia Confúcio sobre comunicação há alguns milênios atrás: “Diga-me e eu me esquecerei, mostre-me e eu me lembrarei, envolva-me e eu entenderei”.

3 comments:

Thiago G. said...

Muito legal o seu texto. Acho muito interessante notar como a boa comunicação se tornou híbrida podendo ser transmitida por diversos meios. Fico muito feliz que a internet faz parte do lineup de ambientes para se contar histórias e assim dar alma as marcas. No final das contas a boa idéia vai ser sempre aquela que tem "kilometragem" para ser transmitida no meio que for.

Farley Millano said...

Tem um termo cunhado pelo Silvio Meira (ao menos ele quem usa :P) que transmite bem a idéia que você quis passar. Não faz mais sentido falar em informação, mas sim "informaticidade". O que é isso? É quando ela já se faz tão presente que tal qual a eletricidade, a gente só nota que ela existe quando ela falta. Excelente texto! BTW enfrento o mesmo problema mesmo sendo de computação, sou o rei das tias: "você pode consertar minha impressora?" Abs!

ingles said...

Esta de que voce pode consertar minha impressora eh classica...
Todos passamos por esta